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Jerônimo busca marca própria, acena à esquerda e mira combate à fome na Bahia

Governador eleito tenta sair da sombra do atual governador e futuro Ministro Chefe da Casa Civil

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Jerônimo Rodrigues. Imagem da Internet

Com o desafio de liderar a Bahia naquele que será o quinto mandato consecutivo do PT no comando do estado, Jerônimo Rodrigues assume o governo neste domingo (1º) lastreado pela força de seu grupo político e tendo como prioridade zero reduzir a fome e a insegurança alimentar no estado.

O petista, que derrotou nas urnas em outubro o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), aponta para um governo de continuidade em relação ao antecessor Rui Costa (PT). Mas tem buscado imprimir uma marca própria na relação com os aliados, com estilo considerado afável e aberto ao diálogo.

Este será o primeiro cargo eletivo que será ocupado por Jerônimo, que é formado em Agronomia, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, e foi secretário de Desenvolvimento Rural e de Educação da Bahia.

Ele terá como desafio enfrentar gargalos estruturais de um estado que tem a sétima economia do país, mas ocupa a 18ª colocação em PIB (Produto Interno Bruto) per capita, total da riqueza produzida dividida pela população, com mais de um terço de seus 15 milhões de habitantes abaixo da linha da pobreza.

Jerônimo aponta o combate à fome e a geração de empregos como principais metas a serem perseguidas pelo governo baiano. Para isso, diz contar com o apoio do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que terá o ex-governador da Bahia Rui Costa como chefe da Casa Civil, posição central do novo governo federal.

Eu tenho o desejo de, ao final do meu governo, junto com Lula e com o povo da Bahia, erradicar a fome. Essa é uma marca que desejo muito”, afirmou Jerônimo em entrevista à Folha em novembro.

Ele destaca que, mais do que viabilizar uma renda mínima para que as famílias tenham comida em quantidade suficiente, é preciso trabalhar para garantir a segurança alimentar e nutricional dos baianos. “As pessoas às vezes enchem a barriga, mas não se alimentam.

Além do incremento da rede de proteção social, o petista pretende atrair novas obras e investimentos para gerar empregos no curto prazo –a Bahia tem taxa de desocupação de 15%, segundo o IBGE. Para isso, definiu como meta fazer avançar obras que travaram ou não saíram do papel nas gestões de seus antecessores.

É o caso da inacabada Ferrovia Oeste-Leste, do abandonado estaleiro Enseada Paraguaçu e da ainda não iniciada ponte que vai ligar Salvador à Ilha de Itaparica, obra cujo orçamento chega a R$ 9 bilhões.

Para tirar as obras do papel, dependerá de apoio do governo Lula, que tem sinalizado que pretende ampliar investimentos públicos, mas pondera que o país enfrentará um cenário de dificuldades orçamentárias.

Para além de atacar problemas mais urgentes como a pobreza e o desemprego, também terá como desafio melhorar os indicadores na educação e segurança pública, áreas que se tornaram calos dos governos petistas na Bahia.

Na Educação, pasta que foi comandada pelo próprio Jerônimo entre 2019 e 2022, a Bahia registrou 3,5 no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para o ensino médio em 2021, quarta pior nota entre os estados brasileiros.

A melhoria em comparação a 2019 foi puxada sobretudo pela ampliação do índice de aprovação em 2020 e 2021, anos em que parte da rede estadual ficou sem aulas por causa da pandemia. Levando em conta apenas o desempenho nas avaliações de português e matemática, a Bahia ficou à frente apenas do Maranhão.

Desde a campanha, Jerônimo tem repetido que o avanço na educação é questão de tempo e que os governos petistas criaram bases para o futuro com a melhoria da qualidade de ensino e da infraestrutura da rede estadual.

Outro gargalo crítico a ser enfrentado é a segurança pública –a Bahia é o estado que mais registrou mortes violentas em 2021. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estado registrou 5.360 homicídios, maior número absoluto entre os estados.

Mesmo com os indicadores negativos, o novo governador apontou para um cenário de continuidade das políticas públicas em curso nesta área. Prometeu ampliar o monitoramento por câmeras nas cidades e avançar no controverso sistema de reconhecimento facial.

No campo político, o petista tem buscado imprimir seu estilo de liderança e sinaliza para uma maior diversidade no secretariado com acenos aos setores da esquerda.

Trouxe para a Casa Civil, núcleo central do governo, o deputado federal Afonso Florence (PT), membro de uma das alas mais à esquerda do PT. Também indicou o advogado Felipe Freitas, pesquisador respeitado da área de Segurança e Direitos Humanos, para ocupar a pasta da Justiça.

Também indicou mulheres –Roberta Santana, Adélia Pinheiro e Fabya Reis– para as secretarias de Saúde, Educação e Desenvolvimento Social, pastas de orçamento robusto e que cuidam de áreas centrais do governo.

Jerônimo tem atuado ainda para ampliar sua base de apoio na Assembleia Legislativa e tem feito acenos a deputados de partidos que fizeram parte de coligações adversárias, incluindo PP, PSC e até mesmo o PL.

No entanto, buscou prestigiar as legendas que lhe deram apoio, cedendo o comando de secretarias, estatais e órgãos do governo. Disse que seu objetivo será fortalecer os aliados, dando a estes condições de crescerem politicamente.

Faremos uma agenda para fortalecer os partidos, que reivindicam espaços com base no tamanho, é natural. Ao longo de quatro anos, dentro de uma boa convivência, vamos fazer o crescimento dos partidos”, disse o petista ao anunciar a primeira leva de secretários.

Via Política Livre

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